quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Ninguém é só força, fé e esperança.

Há dias que a cabeça não levanta, os olhos não secam e o sorriso não aparece. Hoje é um dia assim. Um dia em que eu queria ficar escondida em casa para não ter que sorrir um sorriso triste pra ninguém, pra que não percebam que sou humana... Pois é... Não sou uma super-heróina como alguns amigos dizem...

Não gosto de sair por aí distribuindo fraquezas, aliás, prefiro passar por aqui só quando tenho coisas boas pra contar! Ou discretamente falar de sentimentos, mas hoje é diferente.

Hoje preciso escandalizar a dor que sinto, hoje preciso dividir com vocês que não é fácil permanecer na luta. Claro que isso não significa desistir!

Muitas pessoas com deficiência fazem uso de antidepressivos, relaxantes para dormir, e acompanhamentos psicológicos. Eu compreendo perfeitamente o motivo!

Manter os tratamentos já é um custo financeiro alto, mas ter uma vida com qualidade tem um custo muito maior, pois requer que pratiquemos coragem e superação todos os dias, o tempo todo!

Coragem?! É a habilidade de confrontar o medo, a dor, o perigo, a incerteza ou a intimidação. Superação?! É ultrapassar um limite, progredir!

Tenho me sentido angustiada diante de coisas que parecem que nunca irão mudar! Estou muito cansada de precisar sempre impor meus direitos ou provar minhas capacidades!

Hoje acordei sem vontade alguma de encarar preconceitos e obstáculos. Não queria enfrentar o olhar de rejeição de um motorista que precisa me auxiliar com o elevador para subir para o ônibus, ou ouvir comentários ofensivos de passageiros que estão com pressa demais para poder aguardar 2 ou 3 minutos para que o procedimento seja feito. Saio de casa todos os dias de manhã pra ir trabalhar e ajudar nas contas em casa como tantas outras mulheres!

O fato de eu ser cadeirante faz com que algumas pessoas acreditem que eu não tenho direito a nada que traga alegria. Tem gente que tem pena do meu marido, ouvimos constantemente que é um sacrifício ele empurrar minha cadeira, e escuto “piadinhas” frequentemente. Estou planejando ter um filho e sei que muita gente vai acreditar que será uma maldade com a criança. Maldade mesmo é nascer em um mundo tão cruel, com isso eu me preocupo muito!

Tem dias que eu queria muito, muito mesmo, que o mundo tivesse um pouquinho só de empatia pelo menos, que é a capacidade de compreender o sentimento ou reação da outra pessoa imaginando-se nas mesmas circunstâncias.




A dor vai curar essas lástimas, o soro tem gosto de lágrimas... A dor vai fechar esses cortes! As flores de plástico não morrem!”


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