Não gosto de sair por aí distribuindo fraquezas, aliás, prefiro passar
por aqui só quando tenho coisas boas pra contar! Ou discretamente falar de
sentimentos, mas hoje é diferente.
Hoje preciso escandalizar a dor que sinto, hoje preciso dividir com
vocês que não é fácil permanecer na luta. Claro que isso não significa desistir!
Muitas pessoas com deficiência fazem uso de antidepressivos, relaxantes
para dormir, e acompanhamentos psicológicos. Eu compreendo perfeitamente o motivo!
Manter os tratamentos já é um custo financeiro alto, mas ter uma vida com
qualidade tem um custo muito maior, pois requer que pratiquemos coragem e
superação todos os dias, o tempo todo!
Coragem?! É a habilidade de confrontar o medo, a dor, o perigo, a
incerteza ou a intimidação. Superação?! É ultrapassar um limite, progredir!
Tenho me sentido angustiada diante de coisas que parecem que nunca irão
mudar! Estou muito cansada de precisar sempre impor meus direitos ou provar
minhas capacidades!
Hoje acordei sem vontade alguma de encarar preconceitos e obstáculos. Não
queria enfrentar o olhar de rejeição de um motorista que precisa me auxiliar
com o elevador para subir para o ônibus, ou ouvir comentários ofensivos de
passageiros que estão com pressa demais para poder aguardar 2 ou 3 minutos para
que o procedimento seja feito. Saio de casa todos os dias de manhã pra ir
trabalhar e ajudar nas contas em casa como tantas outras mulheres!
O fato de eu ser cadeirante faz com que algumas pessoas acreditem que eu
não tenho direito a nada que traga alegria. Tem gente que tem pena do meu
marido, ouvimos constantemente que é um sacrifício ele empurrar minha cadeira,
e escuto “piadinhas” frequentemente. Estou planejando ter um filho e sei que
muita gente vai acreditar que será uma maldade com a criança. Maldade mesmo é
nascer em um mundo tão cruel, com isso eu me preocupo muito!
Tem dias que eu queria muito, muito mesmo, que o mundo tivesse um pouquinho
só de empatia pelo menos, que é a capacidade de compreender o sentimento ou
reação da outra pessoa imaginando-se nas mesmas circunstâncias.
“A dor vai
curar essas lástimas, o soro tem gosto de
lágrimas... A dor vai fechar esses cortes! As flores de
plástico não morrem!”
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