Falta de acessibilidade é o que mais temos em Araruama:
poucas rampas que realmente possam ser utilizadas, as calçadas não são
padronizadas nem mesmo nas principais ruas do centro, pegar ônibus é difícil pelos
elevadores não passarem por manutenções e pela falta de disposição de motoristas
e cobradores para auxiliarem no embarque/desembarque de cadeirantes, etc. Daí, eu pensei que tendo
minha habilitação e um veículo adaptado meus problemas acabariam, mas fui muito
inocente.
Para conquistar minha habilitação travei um verdadeiro duelo
com o DETRAN, e depois de mais de 1 ano consegui e estou muito feliz, porém...
Com muito esforço aprendi a guardar e tirar a cadeira do carro sozinha com uma
“técnica” que ainda não vi ninguém usando (depois gravo um vídeo), já que recebi recomendações de
terapeutas que não posso sobrecarregar peso em minha coluna fixada. E, fui eu para centro da cidade resolver minhas coisas!
Adivinhem?!
Confesso que ainda não havia prestado
muito atenção (já que tendo auxílio do chofer/marido estacionávamos em qualquer
local mesmo): EXISTEM POUCAS VAGAS EXCLUSIVAS EM ARARUAMA, E QUALQUER UM
ESTACIONA SEM RECEBER ADVERTÊNCIA DA GUARDA MUNICIPAL!
De acordo com a lei, para usar uma vaga especial não basta ser deficiente, não
basta ter um adesivo colado em seu carro, e cara de pau também não é um
requisito! Para estacionar em uma vaga especial você precisa ir à Secretaria
Municipal de Transporte com laudo médico e retirar seu cartão nacional.
Ver espertinhos estacionando na vaga exclusiva não me
surpreende, é um problema nacional mesmo (espero que um dia sejamos mais
educados!). Mas, perceber que a Guarda
Municipal da cidade não está agindo através de emissão de multas/advertências/reboque
é decepcionante! Será preciso criar uma lei municipal para isso, as leis
federais e estudais não bastam para que esse trabalho comece?
Logo, mesmo tendo carro, por ter que estacionar sempre
distante de locais onde vou, preciso enfrentar a falta de rampas e buracos nas
calçadas como sempre fiz, ou seja, o sofrimento do cadeirante parece não ter data para terminar em nossa cidade. E,
antes que alguém venha atribuir a culpa ao prefeito Miguel Jeovani ou ao
interino Anderson Moura, vamos assumir que esse problema existe bem antes desse
governo, e antes que eles se eximam de suas responsabilidades, eu pergunto: porque não resolver agora? Porque deixarmos para depois o que
pode ser mudado já?
Não precisamos de novas leis, precisamos que as que já existam comecem a funcionar! É óbvio que a falta de acessibilidade física é um grande problema em nossa cidade, e de nada adianta trabalhar em inclusão enquanto sair de casa for um desafio para a pessoa com deficiência!